Havia um Lobo que era muito guloso. Quando saia à procura de comida achava sempre que o que encontrava era pouco e não ia satisfazê-lo. O seu sobrinho, Chibinho, era o oposto: comia tudo o que encontrava pelo caminho. Certo dia, o Lobo, que viu o Chibinho muito gordo, disse-lhe: “Chibinho, o que andas a comer para ficares assim tão gordo? Tens que me dizer”. O Chibinho respondeu-lhe que comia tudo o que ia encontrando pela estrada e por isso estava tão gordo. Combinaram então sair juntos para procurar comida. Enquanto passeavam, o Lobo continuava a achar que tudo o que ia encontrando pelo caminho era pouco e por isso não apanhava. Ele queria algo que o satisfizesse já que era muito comilão. Quanto ao Chibinho foi comer figos numa figueira que tinha encontrado durante os seus passeios.
Um dia o Lobo chamou o Chibinho e, armado em esperto, pediu-lhe que lhe tirasse uma coisa entre os dentes que o estava a incomodar. Quando o Chibinho pegou numa agulha, o Lobo gritou bem alto: “Chibinho não, isso não, que uma ponta de agulha matou a minha avó”. Então, o Chibinho foi buscar um espeto e assim que o Lobo viu gritou novamente: “Isso não, que matou a minha mãe”. O mesmo sucedeu com o alfinete pelo que o Chibinho decidiu tentar usar a própria mão para ver se assim já conseguia ajudar o tio. Mal colocou um dedo na boca do Lobo, este agarrou-o, fechando a boca. Faminto, o Lobo disse que só o soltaria se o Chibinho o levasse ao sítio onde costumava comer. Este assustou-se muito e pediu ao tio que o soltasse enquanto iam mas o Lobo não aceitou pois ele era muito malandro e fugiria. Sem opção, o Chibinho levou o tio à figueira onde costumava comer. Ai chegados, o Chibinho pediu ao Lobo que o soltasse, o que este aceitou. A figueira tinha muitos frutos e o Chibinho disse: “Rema abaixo”. A árvore fez descer os ramos e ele comeu até ficar com a barriga cheia. Vendo isso, o Lobo, em vez de dizer o mesmo, disse: “Rema acima”. A árvore subiu os ramos com ele pendurado num dos ramos, pelo que ficou muito alto. Sem se importar, o Lobo foi comendo enquanto o Chibinho, que já estava satisfeito, foi para a sua horta onde cultivava muitas coisas boas. Quando voltaram a encontrar-se, o Lobo perguntou ao Chibinho por onde tinha andado e este respondeu que tinha estado na sua horta. Quando o levou lá consigo, o Lobo mandou-o embora dizendo que o Chibinho não sabia tratar das plantações. Triste, o Chibinho foi-se embora. Um dia resolveu vingar-se do seu tio e levou-o a subir um rochedo. À medida que iam subindo, Chibinho ia enganando o Lobo dizendo-lhe que ali havia um monstro com os olhos arregalados. Este, todo assustado, correu rapidamente para chegar ao cimo do monte onde, sem se aperceber, caiu de costas e morreu. Satisfeito, o Chibinho desceu e foi à sua vida.
História contada por Dona Lorença, cabo-verdeana de 78 anos de idade, residente no Bairro da Quinta da Serra. Ilustrações feitas sobre canudos de suporte de papel higiénico por Eduarda Mendes (Lobo e Chibinho à procura de comida; Lobo e Chibinho com agulha), Carla Lopes (Lobo a morder o dedo do Chibinho; Chibinho e Lobo a caminho da figueira), Catarina Varela (Lobo na figueira, Lobo e Chibinho na horta), Moisés Mendes (Lobo em cima da rocha, Lobo morto).
domingo, outubro 14, 2007
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