Retrato da inquietude de um homem que vive a decadência de costumes da Roma do boom económico pós II Guerra Mundial e o espectro da ameaça nuclear, «La Dolce Vita» accionou a viragem do neo-realismo das primeiras obras de Fellini para o triunfo do imaginário «felliniano» sobre o real.
Em 1960 Federico Fellini fez da Via Veneto, a avenida romana de clubes nocturnos e esplanadas, o cenário de uma obra de viragem na sua carreira, «La Dolce Vita». Marcello Mastroiani – o eterno alter ego de Fellini – foi cicerone num filme sobre as noites vazias e as alvoradas tristes de uma «doce vida» plena de inquietude.
Marcello é jornalista e cobre a chegada a Roma de Sylvia, uma estrela de cinema. Segue-a por todo o lado, consumido pelo desejo por ela, buscando a essência da Mulher, que se lhe mantém inacessível. O clímax da busca acontece dentro da Fonte Trevi com Anita Ekberg em todo o seu esplendor, desafiando a moral e o desejo de todos os homens do mundo no banho que se tornou símbolo da obra cinematográfica.
Mas as noites sucedem-se e, com elas, os encontros e desencontros. Marcello é sempre mais espectador do que actor nos cenários extravagantes dispostos por Fellini enquanto mergulha num deboche que não é mais do que a face visível do seu desespero.
O centro do filme é o encontro com Steiner, que o jornalista admira. Steiner tem uma mulher bela, dois filhos e vive num apartamento cheio de obras de arte, onde é anfitrião de poetas, músicos e outros intelectuais. É um simulacro de vida perfeita que o suicídio do homem desmente depois.
domingo, maio 20, 2007
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